Consumo de ultraprocessados por crianças no Brasil: uma revisão integrativa

Abstract

Estudos têm apontado um crescente número de crianças expostas a alimentos ultraprocessados. Estes alimentos possuem alto valor calórico, com grande teor de gorduras, açúcares e sódio. Tais alimentos são capazes de mudar o perfil nutricional de um indivíduo resultando em sobrepeso e obesidade, com repercussões bioquímicas propiciando um estado inflamatório, a qual favorece a evolução de doenças na aorta e artérias coronárias, bem como de outras lesões ateroscleróticas em tenra idade. Ademais, crianças obesas apresentam marcadores precoces de doenças cardiovasculares, dificuldades respiratórias e resistência à insulina. Diante do exposto, o objetivo geral deste estudo é revisar na literatura científica o perfil de consumo de alimentos ultraprocessados por crianças no Brasil. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, apresentando os seguintes critérios de inclusão: artigos em português e inglês, publicados nos últimos 5 anos, que apresentassem em sua discussão, considerações sobre o consumo de ultraprocessados em crianças no Brasil. As buscas ocorreram nas bases eletrônicas CAPES e Lilacs. Foram utilizadas combinações entre as seguintes palavras-chave, consideradas descritores no DeCS (Descritores em Ciências de Saúde): “Criança”, “Ultraprocessados”, intercalados pelo operador booleano AND. Foram excluídas as duplicatas de artigos encontrados, revisões, trabalhos com animais, teses e dissertações. Após esse processo, em um primeiro momento, os estudos foram analisados por seus títulos, seguido de leitura e análise dos resumos, a fim de checar se cada um se enquadra nos critérios de inclusão deste trabalho, e posteriormente leitura na íntegra, obtendo-se os que foram para o levantamento final de dados. Foi realizada uma análise descritiva sobre os artigos selecionados, organizados dentro de um quadro, apresentando autoria, ano e local de publicação, objetivo, método e principais conclusões. 13 estudos foram escolhidos como objeto de pesquisa, em sua maioria, recortes transversais, que foram publicados em diferentes regiões do Brasil, com amostragem mínima de 141, máxima de 749.620 participantes. Observou-se uma alta prevalência do consumo de ultraprocessados, esses, com inserção precoce na alimentação complementar, e apresentando diversos fatores de risco para o consumo, como menor idade e escolaridade dos pais, maior tempo de exposição a telas, menores níveis de atividade física o hábito de comprar lanches na escola ou até mesmo levá-los, sem instrução nutricional dos pais/cuidadores, entre outros. Além disso, registrou-se excesso de peso em crianças que consumiam alimentos ultraprocessados (AUP). Conclui-se que existe uma urgência de atuação por parte dos gestores de políticas públicas e profissionais da saúde para ações no cuidado multidisciplinar voltado para o público pediátrico, com busca de estratégias que proporcionem conscientização e educação nutricional de pais e/ou cuidadores, no que concerne à minimização do contato das crianças aos alimentos ultraprocessados, com o intuito de proporcionar menores riscos de morbimortalidade no futuro quando adultos.