Análise da evitabilidade dos óbitos em menores de cinco anos no estado do Ceará

Abstract

Introdução: A mortalidade na infância caracteriza-se sua evitabilidade, necessitando de ações mais afetivas para redução, como a melhoria da qualidade da saúde pública, melhores condições de acesso e assistência as gestantes e recém-nascidos. Essas ações são possíveis a partir da análise da evitabilidade, pois proporciona a compreensão dos processos que desencadearam a morte fetal e neonatal, favorecendo projetos de melhoria da assistência em serviços de saúde materno-infantil e da atenção básica à assistência trabalho de parto e parto. Objetivo geral: Analisar a evitabilidade das causas de óbitos em menores de cinco anos ocorridos no estado do Ceará entre 1996 a 2017. Metodologia: Tratou-se de um estudo descritivo, exploratório, de abordagem quantitativa e retrospectiva. Foi desenvolvido com dados referentes aos óbitos em menores de cinco anos de residentes no estado do Ceará ocorridos no período de 1996 a 2017. A série histórica foi agrupada a cada cinco anos, exceto os dois últimos anos: 1996-2000; 2001-2005; 2006-2010; 2011-2015; 2016-2017. Foi conduzido com os dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A pesquisa ao banco de dados do DATASUS ocorreu entre os meses de março e abril de 2020. A população e amostra do estudo compreenderam 68.587 óbitos em menores de cinco anos. A coleta de dados ocorreu no período de março a abril de 2020, por meio de consulta ao endereço eletrônico: https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/. As variáveis sobre os óbitos menores de cinco anos selecionadas para esse estudo: causa do óbito segundo o critério de evitabilidade proposto por Malta e colaboradores. Resultados: Em relação aos óbitos em menores de cinco anos observou-se um total de 68.587 entre os anos de 1996 e 2017. Destes, 46.543 (67,85%) foram óbitos por causas evitáveis. Observou-se que o número absoluto de óbitos em menores de cinco anos reduz a cada bloco de anos analisados, no entanto, a análise proporcional das causas evitáveis sofre pouca alteração, com exceção das causas evitáveis reduzíveis por ações de imunoprevenção que reduziu em 52,9% comparando os períodos de 1996-2000 e 2016-2017 e as causas reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação, parto, feto e ao recém-nascido, com aumento de 59,6%, entre 1996-2000 e 2016-2017. As causas mal definidas têm redução proporcionalmente expressiva e as proporções dos demais óbitos aumentam a partir de 2001-2005. Considerações finais: Esse estudo mostrou que o número absoluto de óbitos em menores de cinco anos reduziu, e em relação a evitabilidade, houve redução expressiva nas causas mal definidas, incremento nas demais causas e redução discreta dos óbitos relacionados à gestação e percentuais mantidos naqueles ligados ao parto e a atenção ao recém-nascido.