Relação da vitamina D com os sintomas da fibromialgia: uma revisão integrativa

Abstract

Introdução: A síndrome da fibromialgia (SFM) caracteriza-se por dor generalizada, que impacta 2 a 12% da população mundial, predominantemente mulheres. É uma doença multifatorial, que envolve genética, fatores psicológicos, físicos e ambientais. Sem cura, o tratamento foca em aliviar sintomas, integrando medicamentos, terapia cognitivo- comportamental e mudanças no estilo de vida. Estudos indicam a vitamina D como potencial modulador dos sintomas, associando sua deficiência à condições dolorosas crônicas. Objetivo: revisar a relação entre vitamina D e os sintomas da fibromialgia. Metodologia: trata-se de uma revisão integrativa, que foi desenvolvida a partir da seguinte pergunta norteadora: Qual a relação entre vitamina D e os sintomas da fibromialgia? A busca de dados foi realizada nas bases de dados Pubmed, e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os Descritores em Ciências da Saúde “Fibromyalgia”, “Cholecalciferol” “Vitamin D”, combinados com os operadores booleanos AND e OR. Adotou-se como critérios de inclusão: trabalhos disponíveis na íntegra, publicados em inglês no período de 2018 e 2023, com pessoas diagnosticadas com fibromialgia que respondessem a pergunta norteadora. Foram excluídos artigos de revisão de literatura, que associassem outras doenças com a fibromialgia ou outros nutrientes com a vitamina D, estudos com gestantes e duplicados entre as bases de dados. Resultados: foram selecionados 10 estudos, em que seis foram exclusivamente com mulheres. Para melhor análise dos resultados, eles foram divididos em suplementação de vitamina D (n=5) e níveis séricos de vitamina D (n=5) associado aos sintomas de fibromialgia. No que corresponde aos estudos sobre suplementação, as amostras variaram entre 11 e 180 pacientes, em que todas administraram 50.000 unidades internacionais de vitamina D3 aos pacientes, com duração entre 8 a 12 semanas. Os principais resultados incluíram melhorias na qualidade de vida, redução da dor, uso como adjuvante ao tratamento convencional e uma melhora geral nos sintomas de SFM. Os demais estudos investigaram os níveis séricos de vitamina D e os principais achados revelaram uma relação positiva entre maiores níveis séricos de vitamina D à melhora nos resultados do Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ) e modulação de citocinas pró-inflamatórias. Também verificou-se uma associação entre baixos níveis de vitamina D e agravamento da SFM. Conclusão: A deficiência de vitamina D associa-se aos sintomas da fibromialgia, em que observa-se níveis séricos significativamente mais baixos nesses pacientes em comparação com indivíduos saudáveis. Dentre os efeitos encontrados podemos destacar a modulação de citocinas pró-inflamatórias, redução da dor e sintomas, e melhora da qualidade de vida. Os estudos envolveram uma amostra de 1.357 pacientes, dos quais apenas 5,6% eram do sexo masculino. Este dado ressalta a predominância no sexo feminino, embora a condição também afete homens. Entretanto, há a necessidade de mais ensaios clínicos com amostra e período de realização maiores, para investigação de respostas a longo prazo, com homogeneização de características, protocolos de tratamento e métodos de avaliação que possam influenciar os resultados a fim de se estabelecer diretrizes mais claras para o uso clínico da vitamina D no manejo da fibromialgia.