Relação entre dieta e endometriose: uma revisão integrativa

Abstract

Introdução: A endometriose é uma doença inflamatória caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, afetando até 10% das mulheres em idade reprodutiva, causando dismenorreia, dispareunia, dor pélvica e infertilidade. O seu diagnóstico ocorre através de exames físicos, anamnese clínica e exames bioquímicos, porém o padrão ouro no diagnóstico final da doença se dá por meio da videolaparoscopia e biopsia de lesão. Objetivo: Revisar a relação entre a dieta e retardo ou progressão dos sintomas da endometriose. Metodologia: Trata-se de um trabalho de revisão integrativa, em que foram utilizados artigos científicos publicados nos últimos 5 anos, nos idiomas português e inglês, com acesso de forma gratuita, pesquisados nas bases de dados PubMed, utilizando os descritores em saúde (DECS) combinados com os operadores booleanos da seguinte forma: Endometriosis AND Diet. Os critérios de exclusão foram trabalhos que tinham em seu formato teses, dissertações, monografias, revisões de literatura e que tinham sido desenvolvidos com animais. Resultados: Foram selecionados 11 artigos, todos realizados em cenário internacional (Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Holanda, Itália e Irã), onde tinham mulheres com endometriose diagnosticadas por laparoscopia ou autorrelatada pelas participantes. A maioria das intervenções utilizadas corresponderam a dieta anti-inflamatória (com a redução ou eliminação de alguns alimentos como glúten e laticínios); dieta com baixa quantidade em FODMAPs; Aumento da ingestão de frutas, vegetais e peixes; dieta mediterrânea; e suplementações com multivitaminas e ácidos graxos ômega-3. Os estudos mostraram que existe uma relação direta entre a dieta e endometriose, impactando de forma negativa ou positiva, a depender do alimento e frequência consumida. O consumo de carne vermelha 1 ou 2 vezes ao dia está relacionado ao desenvolvimento ou piora dos sintomas da endometriose, além disso, observou-se que mulheres que consumiram 3 ou mais porções de verduras e frutas (principalmente cítricas) por dia, apresentaram melhora nos sintomas e menor desenvolvimento da endometriose. Contudo, o consumo de vegetais crucíferos deve ser evitado por serem alimentos gás formadores, pelo seu potencial de fermentação, provocando sintomas gastrintestinais que podem impactar nos sintomas da endometriose. Conclusão: Uma alimentação rica em alimentos in natura e minimamente processados, com quantidades adequadas de macro e micronutrientes, assim como a qualidade dos mesmos e o consumo de alimentos com capacidade antioxidantes, atuam positivamente na diminuição dos sintomas associados a inflamação da doença e em contrapartida, uma dieta rica em produtos processados e ultraprocessados, com excesso de carne vermelha, rica em gorduras saturadas, com consumo mínimo ou inexistente de frutas e vegetais, afetam negativamente com aumento da inflamação e consequente piora dos quadros de dor.