Perfil epidemiológico da mortalidade na infância por causas externas no estado do Ceará

Abstract

INTRODUÇÃO: A mortalidade na infância ainda é tratada como um problema global de saúde que deve ser trabalhada nas políticas públicas a nível mundial pelas autoridades competentes. O Ministério da Saúde declara que mesmo com a diminuição de mortes de crianças no Brasil nas últimas décadas, ainda há um número elevado de mortes por causas evitáveis no que tange as ações de serviços de saúde na atenção primária, secundária e terciária: pré-natal, cuidado com o binômio recém-nascido-gestante e puerpério. Além desse contexto inserem-se as causas externas de mortalidade que segundo a Organização Mundial de Saúde é definido como mortes decorrentes de acidentes e violências e no Brasil, essas causas são classificadas como a terceira causa de óbitos infantis de 0 a 9 anos. OBJETIVO: Objetivou-se analisar as causas externas de óbitos de crianças de 0 a 5 anos residentes no Ceará, nos últimos 10 anos. METODOLOGIA: Tratou-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, abordagem quantitativa e de série temporal sobre a mortalidade por causas externas entre crianças de 0 a 5 anos residentes no estado do Ceará. Os critérios de elegibilidade foram: V01-V99 Acidentes de transporte; W00-X59 Outras causas externas de lesões e acidentes; X60-X84 Lesões autoprovocadas voluntariamente; X85-Y09 Agressões; Y10-Y34 Eventos cuja intenção é indeterminada; Y35-Y36 Intervenções legais e operações de guerra; Y40-Y84 Complicações da assistência médica e cirúrgica; Y85-Y89 Sequelas de causas externas; Y90-Y98 Fatores suplementares relacionados a outras causas. E as variáveis de que se tratam esse estudo são: Macrorregião de saúde: Fortaleza; Sobral; Cariri; Sertão Central; Litoral Leste/Jaguaribe; e ignorado Ce; Faixa etária: agrupada em menor de 1 ano e 1 a 4 anos. Sexo: masculino; feminino; ignorado. Cor da pele: branca, preta, amarela, parda, indígena, ignorado. Local de ocorrência: hospital; outro estabelecimento de saúde; domicílio; via pública; outros; ignorado. Número da população: foram consideradas as populações por faixa etária e por ano do óbito. Número de óbitos: foram considerados por faixa etária e ano de ocorrência. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Constatou-se com esse estudo que a maior causa de óbitos ocorridos por causas externas em menores de 1 ano foi por outros riscos acidentais à respiração, já em crianças de 1 a 5 anos a maior causa de mortes por causas externas é o afogamento, tendo como predominante os hospitais como local de ocorrência devido as vítimas serem socorridas ainda com vida para esse local. Observou-se também que a macrorregião de Fortaleza concentra o maior número de casos, com mais da metade das ocorrências no período estudado, por ser uma região com grande número de lagos, lagoas e praias, lazer ao alcance de todos. Em se tratando de sexo, predominou o masculino como sendo o maior número de vítimas e de cor/raça parda, sendo esse último dado considerado incerto, pois depende de inúmeros fatores culturais e de identidade. CONCLUSÕES: Fica evidenciado nesse estudo a necessidade de ações voltadas para a prevenção desses tipos de mortes, pois quase todas poderiam ter sido evitadas com uma maior vigilância por parte de seus cuidadores e educação em saúde voltada para o aprendizado de primeiros socorros básicos.